um belo dia, saí de casa a pé e fui visitar minha amiga Mylena Mandolesi. Cruzei toda a Av.Paulista até chegar em meu destino, logo ali ao fim da Av.Angélica. Era um sábado de 2003. Logo que saí de casa, com a câmera na mão e um ótimo negativo branco e preto, me deparei com este senhor, sentado em frente a um restaurante, fitando a rua como se estivesse vendo um filme. Logo me apresentei e perguntei seu nome. E ele me disse, –“me chamo Raful”, e eu, que até então nunca tinha ouvido este nome, disse, – Raful, interessante, mas Raful de quê? e ele logo me respondeu,“Raful de Raful”. Logo que permitiu que eu fizesse o seu retrato, conversamos um pouco, e entre outras coisas, foi logo me explicando o por quê de seu nome ser este; que uma vez por semana ia aquele restaurante só para comer batatas fritas, talvez pelo fato de ser natural da cidade de Batatais, e que praticamente passou a vida trabalhando como caixeiro viajante e arrumador de baralhos em clubes. Sim, com suas próprias palavras, –“fui também um arrumador de baralhos”. Tempos depois estive no endereço que me passou, para que pudesse lhe dar uma cópia do retrato, mas ninguém atendeu. Os anos se passaram, e em 2008, em um jornal de bairro, havia uma matéria sobre o Museu Raful, localizado justamente naquele endereço, e que também trazia a data de seu falecimento em agosto de 2003.
Sr. Raful de Raful - 2002
http://www.museudoraful.com.br/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u469599.shtml